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imagem, sempre meiga e adorada, da sua querida Maricota. Parecia-lhe que a voz da rapariga, n’esse primeiro colloquio já realizado com o assenso da familia, e por isso dotado de um sabor novo, possuia inflexões desconhecidas, entonações extranhas, um avelludado espesso como o refresco do assahy.

Á moça, entretanto, como que um pensamento fixo a preoccupava. Duas vezes já, deixara sem resposta, ou respondera demoradamente, a uma apaixonada interrogação do noivo, ternamente segredada em tremulo balbucio de emoção.

Notou-o o velho padre, ao observal-os de longe. Erguendo a voz, perguntou-lhe n’um sorriso:

— Que tens, filha? Em que pensas?

E a Maricota, levantando-se de ao pé do noivo, acercou-se da familia e:

— Penso, explicou, que por ser hoje dia de Natal, o sr. padre bem