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Ourém, fôra creada pela avó, humilde tapuia cujo nome a chronica desdenhara registrar. Morrera-lhe a mãe ás poucas horas do puerperio difficil. Até á adolescencia, a vida tinha deslisado sem peripecias notaveis, na insipidez lacustre do logarejo. Um dia, porém, suas graças fascinaram o escrivão de um dos vapores da linha: — deixou-se a rapariga raptar, em triste madrugada de chuva. O seductor, passado o primeiro enlêvo, na capital, diminuiu os mantimentos na dispensa; mas, a pretexto de ciumes, entrou de espancal-a com vigor. Por um momento, resignou-se a neta da cabocla de Ourém; todavia, foi curta a passiva submissão. Lembrou-se dos mimos perdidos, no carinhoso lar da avó e fugiu da casa do embarcadiço, disposta a voltar para junto da velhinha.

Na rua, teve a impressão de achar-se n’um labyrintho: era a primeira vez que sahia, em tamanho povoado; a casaria chegou a