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um bando de marrecas desdobrava a escura fita do seu vôo compassado, quasi de margem a margem.

No alto da ribanceira, ao fim do caminho do sitio, entre dunas verdejantes de ajurús, appareceu Hortencia, a joven tapuia. Vinha estremunhada ainda. Nas palpebras, que longos cilios ensombravam, demoravam-se preguiças de somno. A humida polpa dos labios tinha esboços de bocejos. O farto cabello, preso pelo pente de tartaruga ao alto da cabecinha doidivanas, a custo se fixava ali, não tão bem que, rebelde, não formasse dos dois lados da nuca, sobre os hombros, pesadas quedas sedosas.

Deteve-se a rapariga, mordiscando folhas silvestres. Seu olhar devassou o listrão serpeante do rio deserto de embarcações e foi-se para o alto, a mirar o nascente enrubescido. Mas a frescura da riba fustigou-lhe os tenros membros mal vestidos pelo saiote curto e