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TIA LULÚ


I



COITADA da tia Lulú!

Tia Lulú era a senhora, alta e quasi esbelta, que nesse momento ia transpor o portão do jardim. Descêra de um bonde, e ficara voltada a olhal-o já distante, com uma das mãos sobre o batente entreaberto. O seu olhar estendido, como a buscar e attrahir alguma cousa, é que tinha motivado a exclamação da sobrinha, que ao ouvir a sineta do portão, interrompêra o penteado e fôra espiar pela veneziana. Respondia assim indirectamente ao marido, recostado na cama, em mangas de camisa para o seu cochilo do costume antes do jantar, e a quem o movimento curioso da mulher fizera abrir os olhos indagativos. Mas Alice continuava á espreita.

— Coitada porque?

Alice afastou-se da janella, sorrindo:

— Algum passageiro que a olhou por acaso, e tia Lulú já está imaginando ter achado o seu noivo. Com que olhos seguia o bonde, coitada!