e original pureza, e os que as souberam comprehender teem produzido obras primas!
Shakespeare é o poeta a quem se deve uma galeria mais radiosa e pura d’estas divinas creanças impeccaveis.
Umas absortas n’um sonho de eterna tristeza, envoltas como que n’um presentimento de inevitavel desdita, como Ophelia ou Desdemona; outras deixando florir nos labios frescos a rubra flôr da alegria matinal, mas todas lindas, e meigas e innocentes, todas fazendo crer no bem até os mais cynicos.
Victor Hugo tem, como Shakspeare, d’estas criações risonhas e sympathicas.
As mulheres de um como as mulheres do outro, téem na alma um pouco da alma das aves.
Téem a ligeireza alada do sonho, téem a graça imponderavel das visões.
Não ha ninguem que não quizesse ter por filha uma d’essas creanças borboletas; não sei se todas as quereriam para esposas.
E no entanto são boas, de uma doce bondade inconsciente que d’ellas se exhala como o aroma se exhala da flôr; mas tambem as creanças são boas, e comtudo ninguem como ellas sabe ser engenhosamente cruel.