nos seus cabellos louros, dava-lhe o braço, e arrastava-o enlevado e estupido pelas alamedas do jardim.
— Conta-me lá o que tu fazias quando eu cá não estava! conta-me em que pensavas. Estavas muito triste? Quando é que viste pela primeira vez o teu amigo Henrique? Que lhe dizias tu de mim? E elle?... elle que idéa fazia d’esta endiabrada pessoa que tu lhe descreveste tanta vez com a tua phantasia de poeta — porque tu quando se trata de mim és poeta, meu pobre Thadeu! — Anda, falla, conta-me o que vocês faziam, gosto tanto de te ouvir!
E toda dobrada sobre o hombro d’elle, meiga, electrica, fascinadora, com meneios de serpente, levava horas passeando pelo braço de Thadeu.
Um anno depois d’esta época, Margarida declarava terminantemente aos paes que voltava para França, que ia morrer freira no convento onde vivêra educanda, se elles a não casassem com Henrique.
E dizia-lhes estas palavras n’uma tal violencia de gritos e de soluços, tão magra, tão empallidecida n’aquella lucta intima de doze longos mezes, que o marquez encolheu os hombros com a suprema indifferença que fazia d’elle um viveur, e que