Vilella deu um pulo
Da cadeira em que estava, e ficou fulo;
Mas o velho puxou-o pelo casaco
E obrigou-o a sentar-se,
Dizendo-lhe: — Vá lá! não seja fraco!
Ouça o resto, e disfarce...
Naquelle bairro inteiro
O escandalo commentam,
E o vendeiro, o açougueiro e o quitandeiro
Mil horrores inventam,
Dizendo que o senhor sabe de tudo,
Mas faz de conta que de nada sabe!
Eu não sou abelhudo,
E outro papel no caso não me cabe
A não ser a defeza do decoro
De minhas filhas, que esse desaforo
Profundamente offende.
Não póde aquillo continuar, entende?
Disse o Vilella emfim: — Velho maldito,
Si tudo quanto para ahi tens dito
Não fôr verdade, apanhas uma coça!
Livrar-te destas mãos não ha quem possa! —
— Faça uma coisa, respondeu tranquillo
O velho: quer saber si é certo aquillo?
Pois amanhã, quando sahir, não venha
Para a repartição: em minha casa
Entre, e lá se detenha.
Fique certo de que não perde a vasa,