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Página:Contos em verso.djvu/146

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CONSTOS CARIOCAS


Durante todo o dia
Na praça do Mercado.

Felizardo ficou muito contente
Ao saber que a matrona
Da morena era mãe, porque a tal dona
Indubitavelmente
Mostrava ter por elle sympathia;
Quando a cumprimentava, ella sorria
Co’um sorriso de sogra em perspectiva.

A morena adorada
Era mais reservada,
Menos demonstrativa;
Sorria-lhe egualmente,
Mas disfarçadamente
E de um modo indeciso,
Como se fôra um crime o seu sorriso.

II

Um dia Felizardo, que era esperto,
Tendo a geito apanhado um molecote
Da casa das visinhas, deu-lhe um bote
E o effeito foi certo,
Porque não ha moleque
Que por uns cinco ou dez mil réis não peque.
— Como se chama a filha do teu amo?
— Mercêdes. — E a senhora? — Julieta.
— Pois ouve cá: dona Mercêdes amo.