Muita gente dizia:
— E’ pena que um rapaz tão adamado
Na bocca tenha aquella cacaria,
Quando ha dentes postiços no mercado,
E um dentista afamado
Em cada rua chama a freguezia!
O Braz bem percebia
Que aquella bocca era o seu negro fado,
Porém não se atrevia
A entregal-a ao dentista; a covardia
Era tanta, era tal, que o desgraçado
Só de pensar no boticão, tremia!
No emtanto, o Braz, um dia
Appareceu metamorphoseado,
Mostrando, quando os labios entreabria,
Dentes que um deus do Olympo invejaria!
Foi um caso engraçado
Que dos contos a Musa desafia,
E em versos máos eil-o aqui vae contado:
Dissimulando os dentes,
Estava o Braz silencioso á porta
De uma alfaiataria onde se corta,
Mais do que o fato, a pelle dos ausentes,
Quando passou, ligeira e saltitante,