Saltar para o conteúdo

Página:Contos em verso.djvu/165

Wikisource, a biblioteca livre
UMA VALSA
147


Uma banda de musica se esconde
No gabinete proximo.

— O seu braço? —
Ergue-se a dama, as saias endireita,
E, meio contrafeita,
Enfia a mão direita
No braço do rapaz.

De uma valsa o preludio ouvir-se faz,
E após, começa a dansa. O moço, com respeito,
O seu formoso par comprime contra o peito.
Principiam marcando o airoso passo.
Da musica acelera-se o compasso.
Palpita e geme a valsa erotica, ligeira...
O moço aos hombros lança a farta cabelleira;
Depois, aperta mais de encontro ao seio
A mulher bella que nos braços traz;
Faz fincapé no chão; tem um meneio
Impetuoso, febril, precipitado, e zás!
Valsa ditosa
Vertiginosa
Que delicia nos fazes gozar!
Debil cintura
Com mão impura
O direito nos dás de apertar!
Tumidos seios,
Ceruleos veios
Junto ao peito sentimos arfar!
Ha melhor gosto
Que um lindo rosto