Saltar para o conteúdo

Página:Contos em verso.djvu/180

Wikisource, a biblioteca livre
162
CONTOS BRASILEIROS


Escusado é dizer que elle da bella
Nada mais conseguira,
Tangendo a sua lyra,
Senão coisas vulgares,
Sorrisos ternos, languidos olhares,
Porque já não ha musa
Que ás coristas seduza...
Já lá se vae o tempo em que um soneto,
Embora não tivesse chave de ouro
No ultimo verso do ultimo quarteto,
Tinha a chave que abria,
Depois de longo e pertinaz namoro,
O duro peito da mulher mais fria.
A mísera poesia,
Por tantos explorada,
Hoje é moeda desvalorisada.

O visionario Alfredo
Vae uma noite ao theatro muito cedo
E faz chegar ás mãos da semi-artista,
Dentro de um ramilhete,
Perfumado bilhete,
Pedindo uma entrevista.
E no dia seguinte, á hora do ensaio,
Vae ter com ella e diz: — Daqui não saio,
Emquanto uma resposta não me deres,
O’ tu que és a mais linda das mulheres,
Flôr das musas do Apollo!