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CONTOS BRASILEIROS


Deixar ficar sósinhas as crianças
E das coisas que eu sei mais imprudentes...
Aquellas entrevistas dos priminhos
Acabaram naquillo que — pudéra! —
O leitor maliciosamente espera:
Passaram das palavras aos carinhos,
Dos carinhos aos beijos,
E a tudo mais que apaga os máos desejos.

   A mãi preta de Rosa,
Uma ex-escrava idosa,
Que a amava muito e a desejava honrada,
Ficou deveras escandalizada;
Porém a moça, leviana e tonta,
Fazendo uma pirueta,
Lhe disse: — Ora, mãi preta!
Elle é tão novo que não entra em conta!

Graças a Deus, o primo venturoso
Partiu pouco depois para o Recife.
Nunca mais o patife
Da prima se lembrou. Quando, orgulhoso,
Voltou á terra bacharel formado,
Co’uma pernambucana era casado.

II

Passaram-se vinte annos. O marido
De Rosa, sendo, aliás, tão operoso,
Viu-se um dia á pobreza reduzido,
Por ser ambicioso