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Página:Contos em verso.djvu/249

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O SA
 
I

Fôra um bohemio outr’ora,
E, para attenuar o seu passado
Vadio e dissoluto,
Costumava a dizer: — O meu tributo
Paguei — Era outro agora:
Tranquillo e socegado,
Muito bem comportado,
Tal qual Pero Botelho
Que se faz ermitão depois de velho,
Ou como certas cortezans que, ao cabo
De uma vida de gozos e loucuras,
Julgando assim ficar menos impuras,
Votam a Deus o que não quiz o diabo.

Elle, entretanto, ainda não era edoso;
Da Montanha da vida não chegára
Ao cume pavoroso:
Cincoenta annos não tinha, e — coisa rara! —
Não obstante a existencia que levára,