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CONTOS MARANHENSES


De deixar a senhora ali sósinha,
Para a cidade vinha
N’um escaler que havia contratado,
E voltava á tardinha.

Tempos depois — marido afortunado!
Viu que a senhora estava de esperanças...

Ella teve, de facto,
Duas bellas crianças,
E o bondoso doutor, estupefacto,
Um optimo presente,
Que o pagou larga e principescamente!

— Viva o banho de mar! ditoso banho!
Dizia, ardendo em jubilo, o marido.
— Eu pedia-lhe um filho, e dois apanho!
Doutor, meu bom doutor, agradecido!

Pouco tempo durou tanta ventura:
Fulminado por uma apoplexia,
Baixou Manoel Antonio á sepultura.

O desdenhado moço um bello dia
A viuva esposou, que lhe trazia
Amor, contos de réis e formosura.

E no leilão do Basto
Diziam todos os desoccupados
Que nunca houve padrasto
Mais carinhoso para os enteados.