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VAGABUNDO
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Mas, eis que o velho cão sahe de baixo da mesa
Agitando a sorrir a cauda teza,
Como se tudo houvera comprehendido;
Parecendo dizer: — Cá estou, não tenha medo,
Eu me havia escondido
Apenas por brinquedo.

Não era Vagabundo, o cão engaiolado,
Porém outro com elle parecido,
Que o não ser cão de raça
Tem este inconveniente
De se não distinguir de qualquer cão que passa.

A senhora ficou muito contente,
Para outro susto não soffrer, coitada,
Foi buscar onde estava bem guardada
Uma velha pulseira,

Joia numero um, do tempo de solteira,
E empenhal-a mandou no Monte do Soccorro,
Para pagar o imposto do cachorro.