O PHANTASMA BRANCO
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Que, por baixo do quarto da donzella,
Cantava, accompanhado
Por um choroso violão. Arruda,
De face carrancuda,
Espreitou com cautela:
Philomena, á janella,
No peitoril fincado o cotovelo,
A cabeça apoiada
Na mão, solto o cabello,
E do clarão da lua illuminada,
Escutava este canto,
Que lhe causava singular encanto:
«Dos bellos olhos afasta
Do somno agora o torpor,
E vem ver, donzella casta,
O teu Messias de amor!
Si, reservado, até hoje
Teu coração não falou,
Vê se um suspiro lhe foge...
Aqui me tens, aqui estou!
O trovador do teu sonho,
O noivo do sonho teu,
Soltando um canto tristonho,
Eil-o, meu anjo, sou eu!
Tu dir-me-ás: — Não te conheço!
Vae-te embora, trovador! —
Mas ha muito que padeço,
Que morro por ti de amor!