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O PHANTASMA BRANCO
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Mas a moça fez frente
A’ colera paterna, e, formalmente,
Lhe declarou que aquelle suspiroso
Menestrel medievo,
Que parecia de Amadis coevo,
Era o seu ideal mysterioso,
E daquella guitarra apaixonada
O meigo som lhe parecera um hymno.
— Qual guitarra qual nada!
Era um reles violão! Mas eu ensino
A’quelle capadocio, si se atreve
Outra vez... — Mas, meu pae... — Que o diabo o leve!
Aquillo é sujeitinho sem officio!
’Stás aqui, ’stás no Hospicio! —

 

III

Tinha Arruda uma loja de calçado.
Foi no dia seguinte procurado,
Logo depois do almoço,
Na loja, por um moço
Que lhe falou assim: — Brito me chamo;
Sou muito rico. Eu sua filha amo;
Ser seu esposo é meu desejo ardente.
Sei que ella é romanesca, e certamente
Não quererá marido
Como eu, com toda a gente parecido.
De um ardil lancéi mão, e agora espero
Que o senhor me perdoe, sou sincero.

4.