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Página:Contos em verso.djvu/91

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POR UM FIO!
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Dentro desse vehiculo
Que um pobre diabo expõe a parecer ridiculo,
Nunca o banco da frente escolhas! Eu te digo
O caso excepcional que se passou commigo...
Ah! ia-me esquecendo: eu abro uma excepção
Para o electrico... oh, sim! porque essa conducção
Dispensa o burro... O burro!... Ainda o sangue
[me ferve!
Ainda não estou em mim!... — Mas vamos ao
[que serve:

Eu sou casado e nunca atraiçoei Biloca
(Minha mulher assim se chama): não provoca
Os meus desejos nem mesmo a Venus de Milo!
Se eu a visse passar, ficaria tranquillo,
Não lhe offereceria o braço! Que mulheres
Me fariam fugir aos conjugaes deveres?
Um dia, ali, na Lapa,
Eu fiz como José: deixei ficar a capa!
Por sigual, que a perdi... Que boa capa aquella!...
Vi, tres dias depois, o Putiphar com ella,
E assentava-lhe bem! — Mas imaginem que hontem
(Esta desgraça a toda a humanidade contem!),
Como houvesse luar e a noite convidasse,
Quiz um bonde tomar que longe me levasse
Das vendas, dos cafés, dos chopps e dos kiosques,
Para a brisa aspirar balsamica dos bosques.
Fui á Gavea. Um passeio esplendido, bem sabem;
Mas, se passeios ha que nunca mais acabem,
Esse é um delles. A’ volta, adormeci no bonde.

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