Página:Contos fluminenses.djvu/204

Wikisource, a biblioteca livre

eu estimo ter esta occasião de dizer-te toda a verdade. A verdade é que, se não estamos pobres, estamos arruinados.

Augusta ouvio estas palavras com os olhos espantados. Quando elle acabou, disse:

-— Não é possivel!

— Infelizmente é verdade!

Seguio-se algum tempo de silencio.

— Tudo está arranjado, pensou Vasconcellos.

Augusta rompeu o silencio.

— Mas, disse ella, se a nossa fortuna está abalada, creio que o senhor tem cousa melhor para fazer do que estar conversando; é reconstruil-a.

Vasconcellos fez com a cabeça um movimento de espanto, e como se fosse aquillo uma pergunta, Augusta apressou-se a responder:

— Não se admire d’isto: creio que o seu dever é reconstruir a fortuna.

— Não me admira esse dever; admira-me que m’o lembres por esse modo. Dir-se-hia que a culpa é minha.....

— Bom! disse Augusta, vais dizer que fui eu....

— A culpa, se culpa ha, é de nós ambos.

— Porque? é tambem minha?

— Tambem. As tuas despezas loucas contribuírão em grande parte para este resultado; eu nada te recusei nem recuso, e é n’isso que sou