Página:Contos fluminenses.djvu/229

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No fim de um quarto de hora a orchestra começou os preludios para o segundo acto. Levantei-me, meu marido approximou a cadeira para a frente, e n’esse interim lancei um olhar furtivo para o corredor.

O homem estava lá.

Disse a meu marido que fechasse a porta.

Começou o segundo acto.

Então, por um espirito de curiosidade, procurei ver se o meu observador entrava para as cadeiras. Queria conhecêl-o melhor no meio da multidão.

Mas, ou porque não entrasse, ou porque eu não tivesse reparado bem, o que é certo é que o não vi.

Correu o segundo acto mais aborrecido do que o primeiro.

No intervallo recuei de novo a cadeira, e meu marido, a pretexto de que fazia calor, abrio a porta do camarote.

Lancei um olhar para o corredor.

Não vi ninguem; mas d’ahi a poucos minutos chegou o mesmo individuo, collocando-se no mesmo lugar, e fitou em mim os mesmos olhos impertinentes.

Somos todas vaidosas da nossa belleza e desejamos que o mundo inteiro nos admire. É por isso que muitas vezes temos a indiscrição de admirar a côrte mais ou menos arriscada de um homem. Ha,