Página:Contos fluminenses.djvu/337

Wikisource, a biblioteca livre

pende da parede e dá com ella duas bofetadas em si proprio. Feito isto, vai deitar-se; Caligula acompanha-o.

« Uma noite, era no mez de Junho, época de lua cheia, Daniel preparou-se para sahir. Caligula deu um pulo e saltou á estrada. Daniel fechou a porta, e lá se foi com o macaco estrada acima.

« A lua, inteiramente cheia, projectava os seus reflexos pallidos e melancolicos na vasta floresta que cobria as collinas proximas, e clareava toda a vasta campina que rodeava a casa.

« Só se ouvia ao longe o murmurio de uma cachoeira, e ao perto o piar de algumas corujas, e o chilrar de uma infinidade de grilos espalhados na planicie.

« Daniel caminhava pausadamente levando um pão debaixo do braço, e acompanhado do macaco, que saltava do chão aos hombros de Daniel e dos hombros de Daniel para o chão.

« Mesmo sem a fórma lugubre que tinha aquelle lugar por causa da residencia do solitario, qualquer pessoa que encontrasse áquella hora Daniel e o macaco corria risco de morrer de medo. Daniel, extremamente magro e alto, tinha em si um ar lugubre. Os cabellos da barba e da cabeça, crescidos em abundancia, fazião a sua cabeça ainda maior