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Página:Contos para a infancia.djvu/107

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tores, que passas o tempo a saltar e a tagarellar, tambem não queres brincar comnosco?»

— Estes pequenos são tolos, disse o regato. Como? Vocês então imaginam que eu não tenho que fazer? De noite ou de dia, não descanço nem um momento. Tenho que dar de beber aos homens e aos animaes, ás colinas, aos valles, aos campos e aos jardins. Tenho que apagar os incendios, tenho que fazer mover as forjas, os moinhos, as serralherias. Nem hoje acabára, se lhes quizesse contar o que tenho que fazer. Não posso perder um instante. Adeus, adeus. Estou com muita pressa.»

Os pequenos, desconcertados, puzeram-se a olhar para o ar, e viram um pintasilgo, em cima d'um ramo.

— Olha! tu, que não tens nada que fazer, queres brincar comnosco?»

— Nada que fazer? vocês estão a mangar comigo, disse o pintasilgo. Todo o dia tenho que apanhar moscas para comer. Tenho além d'isso que tomar parte no concerto dos passarinhos, tenho que alegrar o operario com o meu chilrear, e tenho que adormecer as creanças com uma outra cantiga, que á noite e de madrugada celebre a bondade do Creador. Ide-vos embora, preguiçosos, ide cumprir o vosso dever, e não tornem a vir incommodar os habitantes das florestas, que cada um tem a sua tarefa a desempenhar.»

Os pequenos aproveitaram a lição, e comprehenderam que o prazer só é ligitimo, quando é a recompensa do trabalho.