Página:Contos para a infancia.djvu/131

Wikisource, a biblioteca livre


— Obrigada, não posso acceitar.»

— Imagina que está envenenada. Olhe, eu vou comer um pedaço. Ah! que boa que é! Nunca provei nada assim. Ao pronunciar estas palavras, a traidora mordia no lado da maçã, que não estava envenenado. Branca deixou-se tentar, levou á boca o outro pedaço, e caiu fulminada.

— Ahi tens, para castigo da tua formosura.»

Quando chegou ao palacio a rainha foi direita ao espelho, e perguntou-lhe:

— Meu fiel espelho, quem é agora a mulher mais linda?»

E o espelho respondeu:

— És tu, és tu.»

— Até que emfim!»

Os anões estavam inconsolaveis. Debalde tinham tentado reanimal-a com o licor d'ouro, e com outras bebidas ainda mais fortes. Branca continuava fria e inanimada. Choraram por ella durante tres dias, e os passarinhos da floresta choraram tambem. No entanto as boas avesinhas não podiam acreditar que ella estivesse morta, e vendo o seu rosto tão tranquillo, as suas faces tão frescas, parecia que estava a dormir. Não quizeram enterral-a. Metteram-n'a n'um caixão de cristal, e escreveram em cima. «Aqui jaz a filha d'um rei;» puzeram o caixão n'uma das sete montanhas, e um d'elles devia estar de guarda constantemente. Branca conservou-se assim durante muitos annos, sem que se notasse no seu rosto a mais pequena alteração.

Um dia um formoso rapaz, filho d'um rei, tendo-se perdido ao andar á caça, viu o caixão, e pediu aos anões que lh'o cedessem, fosse por preço que fosse.