Chamava-se Margarida, e estavam á espera d'ella no céo, porque Deus tinha dito: — É uma boa alma, e, como lá em baixo no mundo lhe póde acontecer alguma desgraça, vou trazel-a um d'estes dias para o paraiso.»
Margarida era uma virgem candida, matinal como a aurora, fresca como ella; todos os dias ao acordar resava as orações, que sua mãe lhe tinha ensinado, e vestia-se depois na sua pequenina alcova. E, como não tinha joias preciosas nem ricos adornos, dispensava o espelho.
Depois d'isto, para viver honradamente, punha-se a trabalhar.
E, ao mesmo tempo cigarra e abelha, trabalhava cantando uma bella canção d'amor e de gloria, que já emballára muitos berços, e que podia sensibilisar uma alma innocente, sem lhe perturbar a limpidez.
N'uma tarde de verão, estava ella sentada á porta de casa fiando linho, á hora em que as estrellas começam a apparecer, uma a uma no firmamento.
Estava Margarida cantando a sua canção, quando