para as outras flores do jardim, que, como testemunhas da honra que acaba de receber, deviam avaliar muito bem a sua alegria natural; mas as tulipas estavam cada vez mais aprumadas; a sua haste vermelha e ponteagada manifestava o despeito. As dalias tinham a cabeça toda inchada. Se ellas podessem fallar, teriam dito coisas bem desagradaveis ao pobre malmequer. A florinha viu isto, e ficou triste.
Passados alguns momentos, entrou no jardim uma rapariguita com uma grande faca afiada e brilhante, aproximou-se das tulipas, e cortou-as uma a uma.
«Que desgraça! disse o malmequer suspirando; é horrivel; foram-se todas.»
E emquanto a rapariguinha levava as tulipas, o malmequer alegrára-se por ser simplesmente uma pequenina flor no meio da herva. Apreciando reconhecido a bondade de Deus, cerrou ao cair da tarde as suas folhas, adormeceu, e sonhou toda a noite com o sol e com a cotovia.
No dia seguinte de manhã, assim que o malmequer abriu as suas folhas ao ar e á luz, reconheceu a voz do passarinho, mas o seu canto era triste, muitissimo triste. A pobre cotovia tinha boas rasões para se affligir: haviam-n'a agarrado e mettido n'uma gaiola, suspensa entre uma janella aberta. Cantava a alegria da liberdade, a belleza dos campos e as suas antigas viagens atravez do espaço illimitado.
O pequenino malmequer tinha boa vontade de lhe acudir: mas como? Era difficil. A compaixão pelo pobre passarinho prisioneiro, fez-lhe esque-