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Página:Contos para a infancia.djvu/48

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CONTOS PARA A INFANCIA
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A mãe. — Prompto: olha.

A filha (olhando). — É exquisito, mamã!

A mãe. — Então?

A filha. — Augmentou, augmentou como a agulha, mas não é áspero, pelo contrario, é perfeitamente liso... A agulha parecia que não tinha ponta, e o ferrãosinho da abelha tem uma ponta tão fina como um cabello. Porque será isto, mamã?

A mãe. — É porque o operario que fez este aguilhão é muito mais habil do que o que fez a agulha.

A filha. — Quem é esse operario tão habil?

A mãe. — É o mesmo que fez o ceo, os astros, a terra, as plantas e as creaturas.

A filha. — É Deus.

A mãe. — Exactamente. Pois não é Deus que fez as abelhas e todos os animaes?

A filha. — De certo.

A mãe. — Foi elle por conseguinte que fez o aguilhão d'esta abelha; e ahi tens porque o aguilhão é superior á agulha: é obra de Deus. Mas continuemos a olhar pelo microscopio. Aqui está um pedacinho de musselina finissima. Olha pelo microscopio; o que é que vês?

A filha. — Vejo uma rede grossa, desegual, muito mal feita.

A mãe. — Aqui tens agora um pedacinho de renda delicadissima.

A filha. — Essa estou bem certa que ha de ser linda, mesmo vista pelo microscopio.

A mãe. — Então?

A filha. — É horrorosa... Parece feita de pellos grosseiros com grandes buracos deseguaes.

A mãe. — As obras do homem são todas assim.