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Página:Contos para a infancia.djvu/56

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CONTOS PARA A INFANCIA
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Soltou um grito doloroso, correu para a porta, mas infelizmente pisou o rabo do cão, que lhe deu uma grande dentada. Gritou de novo, e conseguiu por fim transpor o limiar da porta. Mas quando ia a sair, o gallo atirou-se a elle, rasgando-o com o bico e com as unhas.

— Anda o diabo n'esta casa! exclamou o capitão, como poderei eu sair!»

Julgou encontrar refugio na estrebaria; mas o burro atirou-lhe uma parelha de coices, que o deitou quasi morto ao meio do chão.

Passado algum tempo veiu a si; apalpou o corpo, viu que não tinha nem pernas nem braços partidos, ergueu-se e tornou para a floresta.

— Então? então? — perguntaram-lhe os camaradas assim que o viram.

— Nada feito, exclamou elle. Mas antes de tudo arrangem-me uma cama para me deitar e cataplasmas de linhaça para pôr n'este corpo, que o trago n'um feixe. Não podeis imaginar o que soffri. Na cosinha fui assaltado por uma velha que estava a cardar lã, e arrumou-me na cara com o cedeiro, deixando-me n'este miseravel estado. Quando ia a sair a porta, um demonio d'um remendão atravessou-me as pernas com a sovella. Logo depois Satanaz em pessoa atirou-se a mim, despedaçando-me com as garras. Na estrebaria deram-me uma paulada que me ia matando. Se vocês me não acreditam, vão lá, e experimentem.»

— Acreditamos, disseram os companheiros, vendo-lhe a cara e o corpo todo ensanguentado: Não seremos nós que lá tornaremos.»

Pela manhã, João e os seus camaradas almoça-