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Página:Contos para a infancia.djvu/85

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CONTOS PARA A INFANCIA

famosos pela sua sciencia, não lhe souberam dar resposta. No entanto os dias iam correndo, e a época fatal aproximava-se; já não faltava senão um mez, já não faltavam senão semanas, e afinal só dias. O abade, que n'outro tempo era gordo e anafado, estava magro como um esqueleto. Perdèra o somno e o appetite. Andava errante nos bosques lamentando a sua desgraça, quando se encontrou com o seu pastor.

— Bons dias senhor abade. Parece que está mais magro! Está doente?»

— Estou, meu caro Felix, estou muito doente.»

— Oh! meu rico amigo, eu lhe darei alguma erva que o possa curar.»

— Infelizmente não são ervas que eu preciso, mas resposta ás minhas tres perguntas.»

— É então latim?»

— Não, não é latim, senão os doutores tinham-me arranjado tudo.»

— Visto que não é latim, queira v. rev.ma dizer-me o que é: minha mãe era uma pobre de Christo, mas tinha resposta para tudo.»

Quando o abade lhe formulou as tres perguntas, o pastor atirou com o barrete ao ar, e disse-lhe:

— Se é apenas isso, eu me encarrego de responder por si, e v. rev..ma póde continuar a engordar; mas para isso é necessario que eu vista o seu habito.»

Quando chegou o dia, o pastor disfarçado com o habito do abade de S. Gall, foi introduzido na sala onde o imperador presidia o conselho imperial.

— Então, senhor abade, parece que está mais magro, deu-lhe muito que pensar a chave do