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CONTOS PARAENSES
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a gratos perfumes finíssimos, Couro da Russia, e jasmim do Cabo.

— Então? — perguntou ella meio-rindo.

— Approvado, affirmou o general deixando pender a cabeça, desfallecido, — talvez envergonhado da sua fraqueza, córando porventura de não haver opposto resistencia á tentação.

— Oh! bello! bello! — gritou a Marócas, lançando-se-lhe ao pescoço, beijando-o com frenesi, apresentando-lhe á flor do rosto — á ponta do nariz — os lindos pomos entumecidos, alvejando sob o fino tecido das rendas que ornavam o penteador sobre o peito.

Elle abriu os braços, recebeu-a como dentro de si proprio, n’um grande amplexo nervoso — a manifestação penultima do seu intensíssimo desejo de reconciliar-se com a mulher.

Ella impellia-o, devagarinho porém incessantemente, para o sofá perfilado junto á secretária do general, acarinhando-o com o olhar, com a voz, com os labios estendidos em titubeante murmurio voluptuoso.

Mas o velho deteve-se de repente, como transformado em estatua. Immovel, silencioso! So as palpebras tremiam-lhe precipitadamente. Afinal, duas grossas lágrymas escorreram-lhe dos olhos, muito grandes, muito lentas.

— Que tens? inquiriu ella, assustada,