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MARQUES DE CARVALHO

amor, e bôas tortas de camarões seguidas de compotas de delicioso bacury, á sobremesa.

Dos outros ex-namorados a sra. d. Joaquina jámais tivera informações exactas, depois que por espontanea vontade os desenganara. Dizia-se vagamente que um fôra negociar ao rio Madeira, d’onde nunca regressou, talvez pela seducção d’alguma yára encantadora. Do outro constava apenas que partira para seu paiz natal, — Portugal, — afim de ir saborear á lareira, nos longos serões de inverno, — quando o suão sibila em as grandes chaminés ennegrecidas, — os succulentos nácos de paios da Beira, — d’aquelles paios tão glutonamente decantados pelo illustre poeta João Penha.

Por ess’arte, achava-se a sra. d. Joaquina em disponibilidade, e, a dizermos tudo, deveremos accrescentar que alimentava agora umas secretas e dulçurosas esperanças de captivar o rebelde coração do Francisco da Natividade, o elegante dono d’uma das melhores lojas da rua dos Mercadores. Este, porém, parecia não partilhar das mesmas intenções, porquanto ouvia-lhe os suspiros languorosos sem estremecer, sem pestanejar, sequer, n’uma impassibilidade de mumia. Ella armava-lhe ratoeiras amorosas: mandava-lhe flôres, fazia-lhe presentes de toalhas de labyrintho e fronhas bordadas, temperava-lhe o café quando elle ia á casa da familia d’ella, chegava-lhe phosphoros