uma Proclamaçaõ tendente a aquietar os animos dos Póvos e isto teve algum effeito, mas por breve espaço.
Aos 17 fez-se publico que as Guardas Hespanholas marchávam para Aranjuez, e so ficávam dous Regimentos de Suissos na Cidade, que a muito tempo éram ja odiados do Povo. Com esta noticia se encheo de gente o caminho de Aranjuez, e ouviraõ se repetidos gritos “Hespanhoes!” quereis abandonar a vossa Patria? Quereis proteger a fugida de um Principe, que sacrifica os seus Vassallos, e que vai introduzir a desordem nas nossas colonias? Teremos nos taõ pouco espirito como os habitantes de Lisboa?
Muitos dos Ministros, que naõ éram favoraveis à partida d’El Rey, mandáram cartas circulares a todas as Aldeas circumvizinhas, para informar o Povo do que se passava, e do imminente perigo da Patria. Aos 18, os Cidadaõs corrêram em tumulto para Aranjuez. As mudas de Cavallos estávam ja postas na estrada que vai ter a Sevilha ; o lugar estáva cheio de Tropas, e a bagagem da Corte começava a empacotar-se em todos os quartos do Palacio. Na noite de 17 para os 18 houve huma grande assuada, e a casa do Principe da Paz se achava protegida pelas suas guardas, a quem se tinha dado huma senha particular; differente da que tinha a guarda do Castello.
As quatro horas da manhaã fez o Povo um attaque à casa do Principe da Paz, mas fôram os assaltantes rechaçados pelas guardas do mesmo Principe; as guardas de corpus seguîram o partido do Povo, e todos junctos attacáram, e desbaratáram as guardas do Principe arrombáram as portas, e entrando no Palacio, quebràram e destruîram os moveis mais preciosos, e déram saque geral. A Princeza da Paz pode escapar-se por huma escáda particular, e foi conduzida ao palacio d`El Rey, com todo o respeito. O Principe da Paz desapareceo, D. Diogo de Godoy, seu irmaõ, commandante das guardas de corpus, foi preso pos essas mesmas guardas que commandava.