que se nota nos escritores da primeira parte desse século, acusa também alteração na pronúncia.
Cumpre fazer aqui uma observação; é que o Português, filho do Latim bárbaro, tanto mais se aproxima do Latim culto, quanto mais caminha para a sua perfeição. Mas foi justamente nas obras dos escritores, da segunda parte do século XVI, que o Português adquiriu toda a sua perfeição e chegou ao seu maior auge de esplendor, como língua culta.
Mencionarei aqui apenas os principais: Antonio Ferreira, autor da primeira tragédia regular, que apareceu na Europa, e de diversas poesias líricas e didáticas; João de Barros, o Tito Lívio Português, autor das Décadas da Ásia, que compreendem os feitos dos Portugueses na conquista e descobrimento dos mares e terras do Oriente; Luís de Camões, o Homero Português, autor dos Lusíadas e de muitas poesias líricas de todo gênero.
Grandes, por certo, foram os serviços que prestaram à língua os dois primeiros, enriquecendo-a por diversas formas e injustiça fora desconhecê-lo.
Ferreira, grande imitador dos clássicos gregos e latinos, e profundo conhecedor do coração humano, introduziu nela muitos modos de dizer concisos, enérgicos e até graciosos que, em vão, procuraríamos nos escritores que o precederam.
João de Barros, homem versado em todo gênero de literatura, cujo estilo animado, pitoresco e,