Página:Da Asia de João de Barros e de Diogo de Couto v01.djvu/27

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PROLOGO.

no meſmo homem, pera cujo uſo todas foram creadas; e o fruto das obras delles he eterno, pois procede do entendimento, e vontade, onde ſe fabricam, e aceptam todas, que, por ſerem partes eſpirituaes, as fazem eternas: fica daqui a cada hum de nós huma natural, e juſta obrigação, que aſſi devemos ſer diligentes, e ſolícitos em guardar em futuro noſſas obras, pera com ellas aproveitarmos em bom exemplo, como promptos, e conſtantes na operação preſente dellas pera commum, e temporal proveito de noſſos naturaes. E vendo eu que neſta diligencia de encommendar as couſas á cuſtodia das letras (conſervadores de todalas obras,) a Nação Portuguez he tão deſcuidada de ſi, quão prompta, e diligente em os feitos, que lhe competem per milicia, e que mais ſe préza de fazer, que dizer; quiz neſta parte uſar ante do officio de eſtrangeiro, que da condição de natural: Deſpoendo-me a eſcrever o que elles fizeram no deſcubrimento, e

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