ordem moral; e os abastados negociantes macaistas liquidarão seus negocios e voltarão ao Reino. Não era somente a importancia do commercio de Macáo que se mingoava, era a desmoralisação das instituições da mãi patria, transplantadas, havia muito tempo, ao solo da colonia. Os filhos de Macáo, na mór parte mestiços, erão naturalmente indolentes, e pouco a pouco os chins se apoderárão do commercio ainda existente, de modo que significando elles ao seu governo, o supposto perigo de serem attacados pelos portuguezes-macaistas, pedirão e obtiverão por um accordo entre o governador da colonia e o governo da China a intervenção de mandarins para regularem a marcha da justiça e conjurarem as revoluções.
Desde então, as revoluções, promovidas pelos indigenas de Macao e os chins, se têm succedido sem longos intervallos, e nestes tempos anormaes, as residencias dos europeus são invadidas e entregues ao saque e á pilhagem.
Entretanto, o velho Portugal faz verdadeiros sacrificios para conservar esta colonia, que, longe de lhe dar lucro, é onerosa aos seus cofres, segundo nos informarão; e quando seus filhos, reconhecidos, devião auxiliar o governo da colonia, altamente proclamão o estupido desejo que nutrem, de experimentarem o regimen colonial da Inglaterra.
O que dissemos, é infelizmente pura verdade, e apezar de termos recebido distincta hospitalidade de alguns cavalheiros macaistas, bem como de alguns europeos do club portuguez de Hong-Kong, cumpre-nos confessar que os filhos da terra predilecta de Camões, são os unicos culpados dos vexames e das arbitrariedades que hoje soffrem dos mandarins chinezes.
Assim é, que jámais governador portuguez, quaesquer que fossem seus titulos, encontrou n’aquella colonia o apoio de seus compatriotas; forão sempre seus actos mal interpretados e censurados publicamente nas praças publicas e casas de negocio, e o primeiro cuidado dos macaistas era tentarem desmoralisar o delegado da metropole com mofinas e denuncias pelos jornaes inglezes de Hong-Kong. Os chins aproveitão intelligen-