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DA FRANÇA AO JAPÃO
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sobre a nacionalidade, e com que fim aportava, sem sua permissão, um navio nos seus Estados.

Maxito, chegando a Ourando, convidou o commandante hespanhol a vir á sua presença, o qual lho mostrou cartas-patentes, assignadas pelo ultimo Imperador, pelas quaes era permittido aos hespanhóes negociarem no Japão.

O funccionario Japonez quando certificou-se do que o com- mandante lhe dizia, perguntou: «Os Hespanhóes e os Portuguezes constituem a mesma Nação? É o mesmo Rei que possue o Perú, as Philippinas, a Nova Hespanha e a India Oriental?»

D. Mathias, como assim chamava-se o commandante hespanhol, respondeo que quanto a primeira questão; os Hespanhóes e os Portuguezes erão Nações bem differentes, quanto a segunda que um só Rei dominava as Indias-Orientaes e Occidentaes.

E assim fallando, desenrolou um immenso mappa geographico, no qual indicava, ao Japonez admirado, a vasta extensão de terras que então pertencião a corôa de Hespanha. Este perguntou-lhe como foi possível aos Hespanhóes conquistarem tantos paizes; ao que D. Mathias ou por maldade para aflligir aos Portuguezes, ou sem reflêctir, respondeo que o Rei seo senhor, enviava a todos os paizes um grande numero de religiosos para pregar o Evangelho; e que depois de converterem seus habitantes expedia forças, que auxiliadas pelos christãos, subjugavão os reis e se assenhoreavão do paiz.

Apenas Maxito ouvio estas palavras foi ter com o Imperador e relatou o que se passara com D. Mathias; e no mesmo dia, em 9 de Dezembro de 1596, forão presos os missionarios que se achavão nos conventos de Oosaka, e dois dias depois o Imperador ordenou ao Governador Gibonoscio de mandar executar os missionarios ultimamente chegados ao Japão como culpados de alta traição.

Seis religiosos Franciscanos, tres Jesuitas e desesete christãos, que habitavão com os padres de S. Francisco forão condemnados a morte. Cortarão-lhes o nariz, as orelhas, e em seguida, depois