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DA FRANÇA AO JAPÃO
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com facilidade, aprendem o que se lhes ensina sem que seja necessário o emprego da violencia ou dos castigos.

Entretanto, com o systema colonial da Inglaterra, estes homens, susceptiveis de civilisação e aperfeiçoamento moral, vivem na maior indolencia e liberdade, sem eira nem beira, como diz um velho adagio, á expensas dos europeus ahi residentes ou dos passageiros em transito por Aden.

Apenas o Ava ancorou n’este porto, pequeninas canôas occupadas por um ou dous negros, ainda adolescentes, o rodearão, e os negrinhos arabes, gritavão aos passageiros, em estropeado francez ou inglez, pedindo-lhes que atirassem á agua moedas de prata que irião buscar ao fundo do mar.

Completamente nús, estes amphibios mergulhão com a maior destreza, e durante um ou dous minutos, procurão no fundo do mar o objecto dos seus desejos; é sobretudo, quando a moeda é alguma piastra ou peça de cinco francos, que torna se interessante o combate travado entre os nadadores. Elles mergulhão ao mesmo tempo, seguem a mesma direcção, e depois de se debaterem sobre a arêa, um volta victorioso á superficie d’agua com a moeda preza entre os dentes. Durante este tempo, as canôas impellidas umas contra as outras são emborcadas ou enchem-se d’agua, porém, apenas finda a luta, vencedores e vencidos ajudão-se mutuamente, esgotão a agua que enchem as canôas ou endireitão as que se achão voltadas com a abertura para baixo.

Outras vezes, a troco de um shelling, elles mergulhão e atravessão, sob a agua, a quilha do navio, surgindo no lado opposto ao da partida. O mais interessante é ver com que actividade e destreza elles lutão entre si, para ganharem o premio promettido, por alguns passageiros, ao que mais velozmente percorresse a nado a distancia que separava o Ava de uma boia que via-se a trezentos e alguns metros do navio.

Á regata que assistimos na nossa ida, tomarão parte seis dos mais ageitados nadadores; a partida effectuou-se no