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Santo Agostinho

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Plotino. Desta última, Agostinho inferiu a relação entre Deus e o Verbum:


[..] nelas li não com estas mesmas palavras, mas provado com muitos e numerosos argumentos, que no princípio era o Verbum e o Verbum estava em Deus e Deus era o Verbum. no princípio este existia em Deus; todas as coisas foram feitas por Ele, e sem Ele nada seria criado; o que foi feito, nele é a vida, e a vida era a luz dos homens; a luz brilha nas trevas, e as trevas não a compreenderam; a alma do homem, ainda que testemunhe a Luz, não é, porém, a própria Luz, mas o Verbum próprio de Deus, que é a luz verdadeira que ilumina todo homem que vem a este mundo?[1] (in CONFESSIONVM Liber XII — IX.13).


A Victorino[2], Agostinho nutria profunda admiração e a ele se referiu:


[...] aquele em alto grau e doutíssimo ancião, exímio em todas as ciências liberais, leitor que tantas obras filosóficas que ajuizou e ensinou tantos senadores egrégios e que pelo seu insigne e notável magistério, merecera ter acolhida sua escultura no foro romano, a
  1. [..] et ibi legi non quidem his uerbis, sed hoc idem omnino multis et multiplicibus suaderi rationibus, quod in principio erat uerbum etuerbum erat apud deum et deus erat uerbum: hoc erat in principio apud deum; Omnia per ipsum facta sunt, et sine ipso factum est nihil; quod factum est, in eo uita est, et uita erat lux hominum; et lux in tenebris lucet, et tenebrae eam non conprehenderunt; et quia hominis anima, quamuis testimonium perhibeat de lumine, non est tamen ipsa lumen, sed uerbum, deus ipse, est lumen uerum, quod inluminat omnem hominem uenientem in hunc mundum.
  2. O filósofo Caius Marius Victorino foi responsável pela tradução para o latim de diversas obras gregas. Converteu-se ao cristianismo, tornando-se um exemplo de pensador e cristão.