[1] Porém, eu naõ poſſo adoptar uenhuma dêſtas opinioens, quando vejo, que ellas, ou ſe fundaõ em ſimplices conjećturas, ou ſe firmaõ em ſucceſſos fabuloſos, ou ſe involvem em contradicçoens menifeſtas. O plano, que me proponho neſta Deſcripçaõ, he muito diverſo daquelle, que me conſtrangeria a fazer huma longa Diſſertaçaõ para as refutar. Explorei ſómente as razoens, que me perſuadem a dizer, que a fundaçaõ da Cidade do Porto, foi muito poſterior á vinda de Chriſto, e eſtabelecerei os fundamentos, que a moſtraõ fundada pelos Suevos.
[2] He indubitavel, que pelos annos de 557. da fundaçaõ de Roma, os Romanos expulſáraõ os Carthaginezes da Heſpanha, dividindo-a em duas Provincias, Ulterior, que incluia a Andaluzia, e Portugal, e Citerior, que comprehendia o reſto. Pelos annos de Roma 727. Oćtaviano Cezar a repartio em Tarraconenſe, Betica, e Luzitania. No tempo do Imperador Adriano, ſe tornou a dividir e cinco provincias Tarraconenſe, Carthaginenſe, Luzitania, Galiza, e Betica. Finalmente, Conſtantino Magno lhe accreſcentou ſexta com o nome de Balearica.
Conſtituida pois como certa eſta ordem de divizoens, ſería possivel, que nenhum dos antigos Geografos, muitos dos quais medíraõ ponto por ponto os Reinos, e as Cidades ſituadas naquellas differentes Provincias, naõ fallaſſem huma ſó palavra da Cidade Portucalle, que devia pertencer á Provincia Tarraconenſe? O meſmo Ptolomeu deſcrevendo o Rio Tejo e,
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