Página:Desencantos - phantasia dramatica.djvu/15

Wikisource, a biblioteca livre

CLARA - Um pouco.

LUIZ - Ainda bem!

CLARA - Venha sentar-se neste banco de relva, à sombra desta árvore copada. Nada lhe falta para compor um idílio, já que é dado a esse gênero de poesia. Tinha então muito interesse em ver lá essa flor?

LUIZ - Tinha. Com a mão na consciência, falo-lhe a verdade; essa flor não e uma predileção do espírito, é uma escolha do coração.

CLARA - Vejo que se trata de uma paixão. Agora compreendo a razão por que não lhe agradou o baile, e o que era enigma, para a ser a coisa mais natural do mundo. Está absolvido do seu delito.

LUIZ - Bem vê que tenho circunstâncias atenuantes a meu favor.

CLARA - Então o senhor ama?

LUIZ - Loucamente, e como se pode amar aos vinte e dois anos, com todo o ardor de um coração cheio de vida. Na minha idade o amor é uma preocupação exclusiva que se apodera do coração e da cabeça. Experimentar outro sentimento, que não seja esse, pensar em outra coisa, que não seja o objeto