Página:Desencantos - phantasia dramatica.djvu/38

Wikisource, a biblioteca livre

LUIZ - Mas aparece às vezes tarde. Chega quando a porta está cerrada e tudo que nos cerca é silencioso e triste; Então a peregrina demorada entra como uma amiga consoladora, mas sem os entusiasmos ao coração.

CLARA - Sabe o que o perde! É a fantasia.

LUIZ - A fantasia?

CLARA - Não lhe disse a pouco que o senhor via as coisas através de um vidro de cor! É o óculo da fantasia, óculo brilhante, mas mentiroso, que transtorna o aspecto do panorama social, e que faz vê-lo pior do que é, para dar-lhe um remédio melhor do que pode ser.

PEDRO ALVES - Bravo! Deixe-me V. Excia. beijar-lhe a mão.

CLARA - Por que!

PEDRO ALVES - Pela lição que acaba de dar ao Sr. Luiz de Mello.

CLARA - Ah! por que o acusei de visionário! O nosso vizinho carece de quem lhe fale assim. Perder-se-á se continuar a viver no mundo abstrato das suas teorias platônicas.