19 de Abril.
Há quási três mêses que não comunico ao papel as minhas impressões. Tão angustiosas têm sido elas, que me não tenho sentido com forças e sangue-frio suficientes para me sentar a escrever. Estou viúva — viúva aos vinte e quatro anos, dois mêses depois de casada! — e ainda mal recomposta das comoções que tão violentamente me abalaram antes e depois da morte do meu querido Carlos. A minha pobre alma martirisada, só nestes últimos dias tem alcançado alguma tranquilidade, depois dos constantes, indizíveis esforços que tenho feito para tentar compenetrar-me de que é preciso reagir contra a onda de mágua que me envolve.
Tenho chorado dias e noites a fio, mas as lagrimas, em mim, longe de me causarem alívio, como se diz, geralmente, que causam, concorrem para um maior abatimento de todo o meu sêr. Há quatro dias que não chóro e, por isso, me sinto mais corajosa. Meus
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