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Página:Diana de Liz - Memorias duma mulher da epoca.pdf/111

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duma mulher da epoca


 

pequenos passeios, feito visitas, procurado convivência, e este movimento tem-me sido, na realidade, muito salutar. Engordei um poucochinho — oh! muito pouco! — e tenho, consequentemente, uma aparencia mais fresca do que nunca.

Soube, ontem, que a D. Josefina, aquela viúva madura e espessa que foi nossa visinha na Estrela, casou há dois mêses e essa notícia deu-me que pensar...

E se eu tornasse a casar, tambem ? Porque não o farei? Se me eram tão queridas essas horas de ternura em que esquecia os diversos incidentes prosaicos da minha vida de casada, por que razão não hei-de dedicar-me de novo a um homem que, sem apagar no meu espírito a recordação do Carlos — recordação inextinguível, a meu vêr — o venha materialmente substituir?

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Este pequeno espelho que a minha mão esquerda, neste instante, segura e que reflecte o meu rosto de fino oval, anima pensamentos que eu nunca ousaria confiar fosse a quem fôsse... Toda a gente censuraria a maneira relativamente fácil por que me tenho ído resignando ás actuais circunstancias da minha vida, o que não impede que a minha consciencia se sinta quási tranquila, visto que tenho a convicção de que o Carlos não deixará de me inspirar, da Eterni-

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