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Página:Diana de Liz - Memorias duma mulher da epoca.pdf/14

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novamente a trabalhar, ampliando a intenção inicial nas «Memorias duma mulher da epoca».

Nessa altura da sua vida, Diana de Liz desejava que a novela tivesse um sentido simbolico e que nas suas paginas se encontrasse não o caso duma mulher, mas o caso da maioria das mulheres. Seria a morte lenta das ilusões mais queridas, a renuncia de todas as horas, a submissão a todos os desgostos, a adaptação a todas as realidades quotidianas. E tudo isso sem se responsabilisar o homem, o marido que se elegeu num periodo de quimera, porque tambem ele não é o culpado das suas insuficiencias, dos seus defeitos e até dos dramas intimos que pode provocar. A novela não responsabilisava o homem que é tambem um escravo do destino — mas sim a Vida, por todo o sonho que ela dá e, pouco a pouco, vai eliminando, por toda a angustia da existencia e por todo este anseio de suprema felicidade, que jamais se consegue, duradouramente.

Diana de Liz demandava, assim, um caminho mais amplo e de maior compreensão universal, embora mais melancolico.

Mas a Vida, como se pretendesse tornar-se inviolavel

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