tar certa de que não é homem que se sujeite a sêr enganado por uma mulher, sendo conhecedor do procedimento dela!
A avó bocejava, ao meu lado, na obscuridade da noite.
— Mimi, olha que já é tarde e está frio... E o sr. Leal vá-se chegando, tambem, que a esta hora ninguem póde estar na praia!...
E, para mim, de novo:
— Olha a raposa, que te escorregou para a areia... O sr. Martinho Leal apanhou-me o abafo, puxando, na altura dos joelhos, a fina calça branca e abaixando-se com uma certa elegância. A praia, na verdade, estava quási deserta. Havia humidade e já passava das onze.
Despedimo-nos do sr. Martinho Leal, que se curvou gentilmente e insistiu em acompanhar-nos até ao jardim. E eu, dando o braço à avó, para ajudá-la a transpor um montão de pedras, sobre o qual tinhamos inevitavelmente de passar, sorri, intimamente divertida, ao lembrar-me de que o alto cargo oficial do severo crítico e moralista lhe tinha sido concedido, segundo indícios palpáveis e comprovados, em resultado da intervenção generosa dum antigo conselheiro de Estado, que lhe requestára com retumbante exito a mulher, e que da pena que ameaçava agora traçar, num opús-
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