Na semi-sombra do patamar silencioso, a mão de Filipe avançou, lentamente, para a campainha, Ele pensou ainda em retroceder, já depois de ouvido o som penetrante; mas logo uma cabeça feminina, a um tempo rude e hipócrita, surgiu atrás de meia porta subitamente aberta.
— A senhora está?
— Está, sim, senhor. Era favor dizer o nome.
— Filipe de Macedo.
Dentro cairam as cinco horas de uma tarde invernal. Filipe sorriu, reconhecendo o relogio. A criada, no seu passo abafado de fantasma, volveu para introduzi-lo. Ao penetrar na pequena sala cinzenta e cor de rosa, que tão familiar lhe fora, Filipe encontrou Camila aninhada entre almofadas, fumando, com o elegante desprendimento de sempre, um daqueles cigarros de ponta vermelha que êle tantas vezes lhe vira aproximar dos lábios.
— Por cá, Filipe?
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