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Página:Diana de Liz - Memorias duma mulher da epoca.pdf/32

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Diana de Liz: Memorias


nupcial. E' esta a minha ultima impressão de solteira.

Meu Deus, meu Deus, serei feliz ?

19 de Dezembro

Depois de estarmos duas semanas em Coimbra, terra de meu marido, chegamos ontem a Lisboa. Estes quinze dias de lua de mel bastaram para que eu ficasse conhecendo melhor o caracter de Vasco, que é, afinal, mais diferente do meu do que eu supunha.

Nunca julguei que um homem de vinte e nove anos, vivendo quasi sempre em Lisboa e aqui educado, pudesse ser, no seu intimo, tão simples. Há momentos em que se me afigura que sou eu o rapaz desenvolto e ele a juvenil recem-casada...

Sinto-me tranquila, sem entusiasmos, mas tambem sem tristezas. Não se pode dizer, é certo, que o matrimonio seja uma fonte inexgotavel de alegrias...

Eu, ao fim de quinze dias de casada, quando interrogo a fundo o meu espirito, penso que esta situação é, na verdade, muito mais insipida do que deveria ser, segundo a nossa fantasia. Não sei se a todas as mulheres sucederá o mesmo que sucede comigo, isto é, experimentar uma sensação mixta, formada por um vago descontentamento e por uma ternura crescente por meu marido, sensação que não sei explicar

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