Ontem, detestei Gilberto. Notei que está precocemente envelhecido; rareia-lhe o cabelo e numerosas rugas se lhe entrecruzam já no rosto de homem experimentado na eterna luta da vida. Pareceu-me que empregava mal os meus beijos... Que extravagantes sômos, os dois!
Enquanto eu o observava a furto, acendeu um cigarro e disse-me de chofre:
— Devias adorar muito o teu ultimo apaixonado...
— Porquê? — volvi, admirada.
— Porque, para o substituir, necessitas de estimar dois homens...
— Dois homens?
— Sim. Eu e Luciano Casaes.
Eu nada disse durante alguns minutos. Foi-me desagradável, doloroso, ouvi-lo falar de Luciano. Ele volveu, soprando tranquilamente o fumo do cigarro:
— Emudeceste?
— Não, não emudeci. Admira-me que saibas que eu conheço Luciano e me fales dêsse modo a seu e a meu respeito...
— Eu sou talvez o maior amigo de Luciano, quasi o seu confidente. Sei, há muito tempo, que ele adora uma mulher; e essa mulher és tu, minha serpentezinha... Mas só ontem o soube.
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