Saltar para o conteúdo

Página:Diana de Liz - Memorias duma mulher da epoca.pdf/67

Wikisource, a biblioteca livre
duma mulher da epoca


— Ah! Não existe entre ambos, então...?

— Não.

Ergueu-se um pouco das almofadas a que se encostara e disse-me com vivacidade:

— Fausta, tu estás mentindo irremessivelmente. Aí está o que todas as mulheres valem... Ouve, digo-to agora: sabes o que eu ambicionaria encontrar no mundo e ainda não conheci? Uma mulher sincera..

— Eu sou sincera.

— Não o és. Mentes, quando dizes que és apenas uma boa amiga de Luciano.

— Não minto, já to disse! — tornei, com firmeza. Posso jurar-to! E' verdade que ele parece desejar a intimidade de que me falas; eu é que não a quero porque isso representaria uma profanação da ternura sem pecado que por ele sinto e tenciono conservar até ao fim da vida.

— E se ele morresse antes?

— Cala-te!... Nem quero pensar nisso...

Gilberto riu.

— E se ele soubesse disto que se passa entre nós?

— Só o saberia se tu e eu lho disséssemos... E nenhum de nós lho dirá.

— Tens razão...

Calou-se, por segundos, e daí a pouco observou:

— Mas Luciano tem por ti uma verdadeira paixão.


5
— 65 —