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Página:Diana de Liz - Memorias duma mulher da epoca.pdf/88

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Diana de Liz: Memorias


trar-nos amanhã, êste obstaculo á nossa entrevista contraria-me imensamente...

A minha gata aproxima-se, ondeante e de olhar meigo. Vamos daqui a pouco brincar juntas. Eu brinco ás vezes como se tivesse dez anos e, nesses instantes de infantil despreocupação, as misérias do mundo — quadros trágicos dum cinema gigantesco — desaparecem no «écran» nebuloso do meu cerebro...

Luciano tem estado tambem doente, mas eu soube que já se encontra quasi bom. Como não posso ir vê-lo por estes dias, escrevi-lhe esta manhã uma carta, na qual, pela centessima vez, lhe asseguro a minha amizade, em palavras brotadas espontaneamente da minha pena sincera. Para o animar, tracei nessa carta algumas frases travessas, em que talvez brilhem os restos do espírito azougado da Fausta doutros tempos, daquelles tempos em que a ambição duma felicidade durável fervilhava na minha cabecinha de amorosa inexperiente...

Pobre amigo! A minha carta, sem duvida, o distraírá um tanto do enfado da sua convalescença.

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