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Página:Diccionario bio-bibliographico cearense - volume primeiro.djvu/413

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saneamento desta cidade. O decreto da commissão estava la¬ vrado: só faltava a assignatura do dictador. Jayme Benevolo tocou a toda para casa de Deodoro, que, illudido, acabava naquelle momento de completar o acto. Fez-lhe ver o que havia por traz daquella concessão de 50.000 contos (se não falham as cifras), e pediu-lhe que ras¬ gasse o decreto. Deodoro, que estava de bôa fé, resistiu, e essa resis¬ tência deu logar a uma scena violenta, tão violenta, que Jayme Benevolo acabou arrancando as dragonas arremessando-as aos pés do Marechal e sahindo cheio de indignação e de colera. Deodoro correu ao tópe da escada e chamou-o:— Ve¬ nha cá, ouça, não seja tão assomado, conversemos como bons amigos. -- Jayme Benevolo subiu de novo e cinco minutos depois o decreto era rasgado: o thesouro estava salvo. Como fiscal da illuminação, cargo em que foi surpre- hendido pela morte, Jayme Benevolo teve uma occasião ex¬ cepcional de mostrar a energia do seu caracter. A Companhia do Gaz tinha sido multada por elle tantas vezes e tão successivas, que as multas subiram a cêrca de 800 contos de réis. Está claro que aos interesses da em preza, até então ha¬ bituada á bonhomia do velho Limpo de Abreu, não convi¬ nha um fiscal que só era benevolo no nome e por isso tratou ella, com muita ronha, de attrahir para o seu lado a sympa¬ thia piedosa do ministro. Prevenido contra o funccionario, s. exc. tratou-o mal num dia em que este foi ao gabinete mostrar-lhe um officio que ia dirigir á companhia, em resposta a outro, inconveni¬ entíssimo, que recebera do respectivo gerente. —Não o quero ouvir, Sr. Dr. Jayme Benevolo! bra¬ dou o ministro, interrompendo a leitura logo ás primeiras linhas. —Perdão, trata-se de serviço publico, e v. exc. ha de ouvir-me! —Já lhe disse que não o quero ouvir! 394 Digitized by Google Original from UNIVERSITY OF CALIFÓRNIA